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O REI: O ARQUÉTIPO MASCULINO EM SUA PLENITUDE


Moore & Gillette iniciam o livro “Rei, Guerreiro, Mago e Amante”, publicado em 1993, falando da crise de identidade masculina contemporânea e perguntam: Onde estão, atualmente, os homens iniciados com poder?



Segundo Platão uma sociedade que não tem heróis é uma sociedade que está fadada à mediocridade, porque o homem esquece quão grande ele pode vir a ser. Os druidas diziam ao Rei: “Tu e a terra sois um”. Quando o rei adoecia, ficava fraco ou impotente, o reino definhava. Não chovia. As safras diminuíam. O gado não se reproduzia. Os mercadores não vendiam. A seca assolava a terra e o povo morria. Então, era hora de destituir o rei e um novo rei, como uma nova energia deveria ascender ao trono para trazer o equilíbrio de volta à terra.


“O arquétipo do Rei na sua plenitude possui as características da ordem, do modelo sensato e racional, da integração e integridade na psique masculina. Estabiliza a emoção caótica e os comportamentos descontrolados. Estabiliza e centraliza. Traz a calma. E na sua característica “fertilizadora” e centrada, transmite vitalidade, energia vital e alegria. Apoia e equilibra. Defende o nosso próprio sentido de ordem interior, a nossa própria integridade e os nossos propósitos, a nossa própria tranquilidade central quanto ao que somos, e a incontestabilidade e certeza essenciais da nossa identidade masculina. Observa o mundo com o olhar firme, porém bondoso. Vê os outros em toda a sua fraqueza, em todo o seu talento e valor. Homenageia-os e promove-os. Cuida deles e os orienta em direção à plenitude do ser. Não é invejoso, porque está seguro, como o Rei, do seu próprio valor. Recompensa e incentiva a criatividade em nós e nos outros (Gillette & Moore, 1993) ”.


Um homem que vive o arquétipo do Rei em sua plenitude, não desvaloriza a ciência, a educação e a saúde do seu povo. Não espalha notícias falsas que polarizam quando sua função é a unificação. Respeita as mulheres do seu reino, não as rebaixa como se fossem seres inferiores, não desfere palavras ofensivas. Cuida da segurança do seu reinado, defende cegamente as leis do seu reino, não incentiva a violência, o porte de armas, não homenageia assassino torturador e não entrega o seu reinado a outro Rei que julga ser superior e se comporta diante deste de maneira subserviente colocando toda a nação em risco. Um Rei em sua plenitude não compactua com a destruição das florestas, do pantanal, não envenena a terra e a colheita do seu povo, não envenena as águas do rio e do mar e não contamina o ar que seu povo respira. Um rei em sua plenitude não chama de “gripezinha” um vírus que ceifou 157.451 vidas do seu reinado.


Devo admitir que o rei posto incentiva a criatividade dos brasileiros, nunca antes na história houve a criação de tantos “memes”. Será que esta é uma forma saudável de reagir? Não só o desastre ambiental e econômico está posto neste reinado, mas também o desastre psicológico, um rei fraco mutila a capacidade de seus súditos de conquistar a própria identidade, já carregamos o arquétipo do “Cachorro Vira-Lata”, agora somos o povo que mergulha no esgoto e não adoece.

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