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Foto do escritorMaria Angelina Marzochi

“Seja mais magra, mais jovem, mais perfeita. ”

À medida que nós, mulheres, envelhecemos, percebemos que manter o mesmo peso da juventude é uma tarefa cada vez mais desafiadora. As alterações hormonais típicas da menopausa, combinadas com nosso estilo de vida nem sempre saudável, contribuem para o ganho de peso gradual. O metabolismo, outrora ágil, agora parece conspirar contra nós.


Sentimos na pele o que significa viver em um mundo que exalta padrões estéticos inatingíveis. As revistas, as redes sociais e os outdoors parecem sussurrar constantemente: “Seja mais magra, mais jovem, mais perfeita. ” E, no meio desse coro implacável, nos vemos obrigadas a lutar para aceitar nosso próprio corpo, agora modificado.


Nosso cotidiano se transforma, e passamos a vivenciar desafios emocionais e físicos. As roupas que antes nos vestiam com elegância agora parecem apertadas e desconfortáveis. Travamos uma batalha contra o espelho e passamos a evitá-lo. É como se estivéssemos em uma relação abusiva com o reflexo, como se ele fosse um juiz implacável, apontando todas as imperfeições que gostaríamos de ignorar.


A princípio, hesitamos em aceitar convites para eventos sociais. Preocupamo-nos com o olhar julgador dos outros, com os comentários sutis sobre nosso peso e com a dificuldade de encontrar roupas adequadas. Não queremos roupas de adolescentes, mas também não queremos roupas de matronas. Tarefas que antes eram simples, como abrir o armário e escolher o que vestir, passaram a ser um martírio. Às vezes, a solidão parece mais fácil do que enfrentar essas situações, e aos poucos, corremos o risco de nos retirarmos da vida social.


Para não cairmos nessa armadilha, precisamos nos questionar sobre a busca incessante pela perfeição, olhar o quanto essa busca nos adoece e nos priva de viver o presente, afastando-nos de quem realmente somos. Buscar a perfeição é querer nos tornar alguém que talvez nunca seremos. A beleza não está na simetria perfeita, mas na autenticidade que nos torna únicas. A maior mudança ocorre quando abraçamos nossas imperfeições e nos tornamos aquela que sempre fomos. Aquela que nos habitam por dentro não está sob o jugo da estética. Somos almas em movimento, em constante transformação, e nessa dança, encontramos nossa verdadeira essência.


É o momento de nos permitirmos ocupar um espaço no mundo com o corpo que temos, um corpo que carrega histórias, cicatrizes e vivências que nos tornam únicas. Ele é o mapa de nossas batalhas, a tela onde a vida pinta suas cores. Nossa essência não pode ser medida em centímetros, e tampouco pesada em quilogramas na balança.

Aceitar-se é um processo contínuo. É olhar para o espelho e enxergar além das aparências. É abraçar nossa humanidade, com todas as suas imperfeições e contradições. Quando nos permitimos ocupar esse espaço, quando nos libertamos da busca pela perfeição, encontramos uma paz profunda. Não precisamos ser alguém que não somos; precisamos ser nós mesmas.

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