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Presença: uma questão de espaço e tempo.

Atualizado: 23 de nov. de 2018


Espaço...


O dicionário de sinônimos online (sinônimos.com.br) apresenta cinquenta e três sinônimos para nove sentidos diferentes que cabem dentro da palavra "espaço".


Espaço é um lugar físico que pode ser preenchido com a presença do meu corpo; espaço diz respeito também ao universo - o espaço sideral no qual o meu corpo representa menos que um grão de areia.


Espaço pode ser um intervalo em branco ou vazio deixado por uma palavra que não pode ser dita, um sentimento que ficou entrelinhas, uma emoção abandonada no vácuo do descaso.


Espaço trata-se de um espaço de tempo, um período, um lapso, um decurso, um decorrer entre uma coisa e outra, entre um acontecer feliz e uma tragédia, entre dois amores, entre a chegada e a partida.


Espaço compreende também a área de atuação, naquele que sou protagonista e legitimada como profissional, como mãe, como mulher, como esposa, como filha, etc.


Espaço pode ser a capacidade de amar do nosso coração, o quanto é possível colocar de afeto naquele espaço, quantas pessoas cabem lá dentro ou será que aquele espaço está vazio?


Espaço é também a distância percorrida para encontrar-me, quanto eu andei a procura de mim mesma? Quantos caminhos percorridos com encontros e desencontros?


O espaço pode estar representado na demora do encontro, a presença de alguém que demora a chegar.


O tempo...


O tempo pode ser cíclico com suas diferentes estações do ano, noite e dia, tempo de plantar, tempo de colher, tempo cósmico com as diferentes fases da lua.


Pode ser, também histórico, tem começo, meio e fim. Se tem finitude é um tempo cronológico. O homem é um ser histórico e de temporalidade, segundo Winnicott (1988)* "a vida de uma pessoa consiste num intervalo entre dois estados de não-estar-vivo". O desenvolvimento humano é um processo contínuo em transformação. O homem é uma obra aberta neste tempo encarnado e se não se apropriar de sua história, vivencia um desenraizamento no tempo.


Tempo pode ser o kairós, o tempo da eternidade, o tempo existencial da experiência de não-tempo, o eterno agora, o tempo da consciência.


Para Santo Agostinho o tempo só existe dentro do homem, o presente vem do passado, passa pelo presente e vai dormir no futuro.

Logo, só existe o presente, minha experiência se dá no aqui-agora, é no presente que falo do passado. Quando falo do passado com uma carga relativa de emoção é porque ele ainda é presente. Só no presente eu posso ressignificar o passado e projetar meus desejos no futuro, fazer escolhas que irão delinear o meu futuro.


Então, se superarmos todos esses espaços o que nós sobra é o AQUI, e se superarmos o tempo, o que nos resta é o AGORA.


Jung diz que : “O inconsciente não tem noção de tempo. Não há problemas relacionados ao tempo nele. Parte de nossa psique não está nem no tempo nem no espaço. Estes são apenas uma ilusão, tempo e espaço, e assim, em uma parte da nossa psique, o tempo não conta para nada”


O que importa de verdade é o AQUI-AGORA, é o momento de fazer escolhas, de dizer o que não foi dito, de amar ou odiar, de ver, ouvir e sentir.


* WINNICOTT, D.W. Natureza Humana. Rio de Janeiro: Imago, 1988.

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