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O barqueiro

Atualizado: 15 de ago. de 2020


Oh! Barqueiro, detém teu remo, vira-te e olha nos olhos, daquele que vive no centro da tua barca.
O Barqueiro, 1884 - T.C.Steele

Há um momento na vida que é preciso lançar um olhar para aquele que vive no centro da nossa barca. A vida hiper moderna nos obriga a remar, remar e remar. Remamos em busca de um profissão, de uma carreira brilhante, de uma vida de sucesso que inclui um bom carro, casa confortável equipada com tudo o que há de tecnologia, muitas viagens, etc. Focamos nossa atenção no movimento da água, na direção que a barca segue e remamos, remamos e remamos.


Depois de saborear todas as conquistas vem um sentimento de vazio, um sentimento de não pertencer a lugar nenhum, nem mesmo ao próprio corpo. A ansiedade e o medo passam a ocupar esse vazio e experimentamos agonias impensáveis, que não podem ser nomeadas porque nada sabemos sobre o sentir. Estamos despedaçados como Osíris que foi dividido em quatorze pedaços por Set .


Então é preciso deter o remo para olhar nos olhos daquele que vive dentro de nossa barca - o nome do deus sentado no centro de tua barca - o Si-mesmo, o Self, o centro ordenador e unificador do inconsciente e do consciente, o ponto criativo onde Deus e o Homem se encontram.*


Ao entrar em contato com o Si-mesmo poderemos experimentar a nossa totalidade, então seremos como Iris que juntou todas as partes de Osíris para trazer de volta a sua totalidade. Ao entrar em contato com nossa totalidade, não precisaremos projetar o arquétipo do curador em figuras como João de Deus, Osho ( Bhagwan Shree Rajneesh ), Prem Baba ou em outros "messias", lobos em pele de cordeiro, olhe para dentro da tua barca e lá encontrará o teu curador.



* O Si-mesmo é o centro ordenador e unificador da psique total (consciente e inconsciente), assim como o ego é o centro da personalidade consciente. Ou, dito de outra maneira, o ego é a sede da identidade subjetiva, ao passo que o Si-mesmo é a sede da identidade objetiva. O Si-mesmo constitui por conseguinte, a autoridade psíquica suprema, mantendo o ego submetido ao seu domínio. O Si-mesmo é descrito de forma mais simples como a divindade empírica interna, e equivale à imago Dei. [...]

Há ainda um certo número de outros temas e imagens associados ao Si-mesmo. Temas como unidade, a totalidade, a união dos opostos, o ponto gerador central, o centro do mundo, o eixo do universo, o ponto criativo onde Deus e o homem se encontram...(Edinger, Edward F. Ego e Arquétipo: uma síntese fascinante dos conceitos psicológicos fundamentais de Jung. Cultrix: São Paulo, 2012).

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